...Perdi alguma coisa que me era essencial,
e que já não me é mais. Não me é necessária,
assim como se eu tivesse perdido uma terceira
perna que até então me impossibilitava de andar,
mas que fazia de mim um tripé estável.
Essa terceira perna eu perdi.
E voltei a ser uma pessoa que nunca fui.
Voltei a ter o que nunca tive:
apenas as duas pernas.
Sei que somente com as duas pernas
é que posso caminhar.Mas a ausência inútil
da terceira me faz falta e me assusta,
era ela que fazia de mim uma coisa encontravel
por mim mesma, e sem sequer precisar
me procurar...
(Clarice Lispector)
e que já não me é mais. Não me é necessária,
assim como se eu tivesse perdido uma terceira
perna que até então me impossibilitava de andar,
mas que fazia de mim um tripé estável.
Essa terceira perna eu perdi.
E voltei a ser uma pessoa que nunca fui.
Voltei a ter o que nunca tive:
apenas as duas pernas.
Sei que somente com as duas pernas
é que posso caminhar.Mas a ausência inútil
da terceira me faz falta e me assusta,
era ela que fazia de mim uma coisa encontravel
por mim mesma, e sem sequer precisar
me procurar...
(Clarice Lispector)