domingo, 16 de maio de 2010

Não entendo...



Não entendo.Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender.
Entender é sempre limitado.Mas não entender pode não ter fronteiras.
Sinto que sou muito mais completa quando não entendo.Não entender,
do modo como falo,é um dom.Não entender,mas não como um simples
de espírito.O bom é ser inteligente e não entender.É uma benção estranha,
como ter loucura sem ser doida.É um desinteresse manso,
é uma doçura de burrice.Só que de vez em quando vem a inquietação:
quero entender um pouco.Não demais:mas pelo menos entender que não entendo.
(Clarice Lispector)


sábado, 13 de março de 2010

Desassossego


"A solidão desola-me;a companhia oprime-me.A presença de outra pessoa descaminha-me os pensamentos.
A presença de outra pessoa de uma só pessoa que seja atrasa-me imediatamente o pensamento, ao passo que para pessoa normal o contato com outrem é um estímulo para expressão, para o dito, em mim esse contato é um contra-estímulo. Sim, o contato com gente dá-me medo...
Para mim, alíais, toda a idéia de ser forçado a um contato com outrem,um simples convite para jantar com um amigo me produz uma angustia difícil de definir.A idéia de uma obrigação social qualquer com alguém conhecido ou desconhecido - só a idéia já me estorva os pensamentos de um dia,e as vezes é desde a véspera que me preocupo, e durmo mal, e o caso em si é absolutamente insignificante; não justifica nada e mesmo assim se repete sempre e eu nunca aprendo a aprender..."

Esse texto reflete muito do meu eu emocional e eu poderia tê-lo escrito,mas é um trechinho do livro -Desassossego de Fernando Pessoa-

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Quem é essa?


"Quem é essa agora?
Que dentro de mim,
Me assusta e me atrai,
Sorrrateira ela,
Sou eu.
Ou é alguma sombra
Que me segue como bicho?
Rastejando nos calcanhares da minha alma.
Lá está.
Lá está.
E sabe tudo, faz tudo.
Eu sou apenas ferramenta,
Garganta pela qual ela chama,
Chama,
Chama..."
(Lya Luft)