sexta-feira, 14 de março de 2008

Rascunho

Quando escrevo
não sei onde chegar.
Percebo o ponto
ao ultrapassa-lo.
O excesso me equilibra.

Reflito-me nos

espaços vazios

entre os poemas.
Nunca nos versos.

Invejo a ausência,
somente o vazio não tem um dono.
O resto é criação de alguém.

Incansável,
procuro pelas palavras
que me inventaram.
Sou órfão de letras.

Desconfio da expressão correta,
do poema exato.
A escrita engana,
inexiste palavra verdadeira.

Como encontrar uma copia fiel?
Como imitar com perfeição?

Tudo que escrevemos e falamos
é imitação.
Só o silêncio é original.

(Fernando Palma)

sexta-feira, 7 de março de 2008

Samsara...

...Roda da Vida...
1.Caminho pela rua.
Há um profundo buraco no passeio
e caio lá dentro.
Estou perdido... não sei que fazer.
A culpa não é minha,
Preciso de uma eternidade para descobrir a saída.

2 . Caminho pela mesma rua.
E lá está um grande buraco no passeio.
Finjo que não o vejo.
Caio outra vez.
Custa-me a acreditar que esteja no mesmo lugar
Mas a culpa não é minha
Ainda preciso de tempo para sair.

3. Caminho pela mesma rua.
Há um profundo buraco no passeio.
Vejo que lá está.
Mas caio... Já é um hábito.
Tenho os olhos abertos,
Sei onde estou
Mas a culpa é minha.
E saio imediatamente.

4. Caminho pela mesma rua.
Há um grande buraco no passeio.
Passo ao lado.

5. Caminho por outra rua!!!

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

* Noturno *



Noturno
Tua sombra ficou carimbada
na parede de minha choupana,
e quando vem a escuridão,
tu voltas para assombrar
a minha existência.


E eu, como um menino
que brincou com fogo
neste momento
sinto me vir o medo
e oro para que logo
venha a manhã salvadora.


Percebo que o fim do sonho
trouxe-me a tua ausência
uma saudade imensa de ti
quase um banzo,
invade meu pequeno mundo
e te sinto correndo nas minhas veias
tornando-me irremediavelmente
perdido no teu vício.


E quando acordo
curumim
vivo mais um dia
à espera que a noite volte...

...e tu também!
(Claudio Cardoso)