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O Poema

Dia desses...
na pausa de todo o caos
e do meu viver concreto
li teu poema predileto.
No silêncio em revés
lembrei-me de teus pés
E diante do nada
cerrei meu olhar.

Renúncia...
vício maldito!
Tornei mudo o meu grito
e no dito pelo não dito
sigo acorrentada...
Pelo pranto abafado...
e pela tua risada
hoje calada...

Diante dessa sina
do silêncio vil,
meu olhar quase senil
se refugia... absorto...
E ante ao poema morto
construo outras linhas...
que não são mais tuas
mas tampouco são minhas...


Beijinhos de luz na sua alma!!!

...Canção Exêntrica...

Ando à procura de espaço
para o desenho da vida.
em números me embaraço
e perco sempre a medida.
Se penso encontrar saída,
em vez de abrir um compasso,
projeto-me num abraço
e gero uma despedida.

Se volto sobre o meu passo,
é já distância perdida.

Meu coração de aço,
começa a achar um cansaço
esta procura de espaço
para o desenho da vida.
Já por exausta e descrida
não me animo a um breve traço:
--saudosa do que não faço,
--do que faço, arrependida.

(Cecília Meireles)

Beijinhos de luz na sua alma!!!